domingo, 21 de maio de 2017

Evolução?


Tem sido muito comentada a transformação da Quebra-Canela desde o final dos anos 70 até os dias atuais. Muita gente critica o facto de terem usado as toneladas de areia que lá existiam para a construção civil. Isso sem dúvida não é muito bom, mas não é tudo o que se pode reparar nessa imagem.
Eu, particularmente, reparei que antigamente não existia nenhuma árvore ali, enquanto que hoje a quantidade de vegetação é notável. Tudo bem que as dunas de areia servem de barreira natural à invasão da água do mar, mas pra mim a vegetação é infinitamente mais valiosa para o nosso meio ambiente.
Mas o ponto que quero focar é que ainda não estamos num nível de desenvolvimento muito grande, se compararmos por exemplo com um país como o Brasil. 
E o esboço que fiz na última imagem procura ilustrar o que poderá vir a acontecer daqui a uns 30 anos. Com a junção de fatores como o aumento da população, a escassez de terrenos, a idade avançada das construções juntamente com a fraca qualidade dos materiais utilizados nas nossas construções e o aumento da especulação imobiliária na capital, infelizmente acredito que essa poderá possivelmente vir a ser a paisagem desse local num futuro não muito longínquo, assim como na Gamboa  http://revolusson.blogspot.com/2011/12/verticalizacao-da-orla-maritima.html.
Mas como tudo pode sempre piorar, nesse caso o pior poderá vir a ser a poluição que advirá desse rápido crescimento. Se as águas de esgoto produzidas pela crescente população não forrem corretamente tratadas, poderá vir a acontecer o mesmo que ocorreu em várias praias do Brasil, onde o esgoto é despejado diretamente no oceano sem qualquer tratamento. Consequentemente as praias tornaram-se impróprias para banho, e as águas passíveis de transmitir inúmeras doenças à população, que mesmo sob um sol de mais de 40 graus tem que se contentar com o chuveiro ou as piscinas. Só os corajosos ou desesperados com o calor é que se arriscam naquelas águas excessivamente poluídas!
Esse é o risco que corremos se continuarmos nesse ritmo de crescimento desordenado e na presente realidade política. Precisamos de um PLANO DE DESENVOLVIMENTO NACIONAL que considere um horizonte de 50 anos e não de 4 anos de mandato! Precisamos parar, pensar e projetar o Cabo-Verde que queremos para nossos filhos e netos...senão corremos um risco enorme de ter de vir a fugir destas belas paisagens...